quarta-feira, março 27, 2024

27 de março vezes dois






fui pai pela primeira vez há precisamente 25 anos. em 1999, tinha 26 anos, sentia que estava preparado para assumir esse papel, mas quando a realidade chegou apercebi-me de que tinha treinado para os 100 metros barreiras quando a prova que iria disputar era uma maratona. o primeiro filho é o maior teste que a vida nos coloca, em que somos constantemente desafiados, temos de estar sempre disponíveis e com a atenção, cuidado e empenho a bater nos níveis máximos em todos os momentos. o primeiro filho transforma-nos em adultos em 10 segundos, estabelece paradigmas de maturidade, molda-nos para o resto da vida e pavimenta um caminho seguro e menos vacilante para uma segunda ou terceira experiência. cheguei à segunda, seis anos depois. em 2005, tudo me pareceu diferente, apesar de os patamares de exigência voltarem a estar sempre no topo. tudo pareceu mais fácil já, com menos nervos e medo de errar. em ambos os casos, o mesmo orgulho, gratificação e embevecimento ao vê-los crescer, aprender a caminhar, a falar, a escrever. o mesmo trabalho de filigrana na sua educação, o mesmo esmero na sua comunicação, os mesmos padrões de civismo, honestidade e solidariedade. hoje, são já ambos adultos. ele com 25, ela com 19. hoje, estão ambos fora da cidade onde vivo, a dar rumo às suas vidas noutras cidades. hoje, fazem anos! passou um quarto de século e eu continuo a vestir o papel de pai com os mesmos valores e o mesmo cuidado, entrega e atenção de sempre, apesar da distância. jamais olvidarei a ressonância emocional que a paternidade me granjeou, até porque a vida se constrói de memórias. adorei cada minuto dos seus crescimentos e será impossível algum dia sentir-me expropriado desse sentimento tão sagrado.
tem sido um enorme privilégio e um orgulho avassalador ser vosso pai, Pedro Lopes e Mariana Lopes! não tenho nenhuma dúvida de que este sentimento estará comigo até ao meu último fôlego neste mundo!


 

quarta-feira, janeiro 10, 2024

nuvens da alma atinge a maioridade!


assaltam-me duas perguntas nesta efeméride: como é que deixaram isto acontecer? e por que raio a TVI ainda não me contactou para utilizar o nome do blogue numa novela?

2330 posts depois, chega-se hoje à maioridade. dá uma média de 130 publicações por ano, o que suscita outra dúvida: eu tinha assim tanta coisa para partilhar? ou seja, vivi bem até ao dia 10 de janeiro de 2006 sem este blogue, sem ventilar opiniões ou manifestar ao mundo as minhas preferências. tinha 33 anos quando avancei para esta empreitada, sem pensar muito naquilo que queria fazer com o blogue. aos poucos, fui criando uma identidade para este cantinho, com referências musicais, cinematográficas, televisivas, crítica social, desabafos, alguns poemas (enfim, toda a gente passa por uma fase destas na vida), futebolísticas, muitas playlists, etc.. em março de 2007, o jornal "público", no seu suplemento P2, transcreveu na íntegra uma publicação deste blogue, "nem dorme a senhora", que aludia às peripécias da fuga de fátima felgueiras para o brasil. 

o número de visualizações e de comentários subiu exponencialmente, pressionando-me a escrever cada vez mais. e sim, os primeiros 6 anos foram intensos, com uma cadência quase diária de apontamentos. depois, a ascensão da rede social facebook colocou a blogosfera em segundo plano e o entusiasmo esmoreceu bastante. numa tentativa de me adaptar a essa nova realidade, criei a página do nuvens da alma no facebook, que hoje tem cerca de 1200 seguidores.

os anos passaram, houve alterações de fundo na minha vida, que aqui foram repercutidas, como não poderia deixar de ser, e foi gratificante observar, sobretudo no ano passado, que ainda preciso do blogue para ventilar as tais nuvens que me passam pela alma. 2023 foi o ano da retoma em termos blogosféricos, com cerca de 100 entradas. foi um regresso ao passado, uma forma de voltar a considerar este cantinho como um amigo, um confidente e um bom ouvinte. ajudou-me bastante a colocar as ideias em ordem, a priorizar, a definir e a agir em conformidade. é também para isto que um blogue serve.

por tudo isto, não deixo, claro, de sentir um orgulho enorme destas nuvens da alma, deste projeto que é um bocado de mim, daquilo que fui, estão aqui muitos momentos deliciosos da minha paternidade, e daquilo que sou hoje, um homem muito bem aconchegado sentimentalmente e convicto do caminho que quer trilhar. é e será sempre um documento para memória futura, para os meus filhos virem recordar as patetices e as idiossincrasias do pai, recordar situações do seu crescimento ao meu lado e, acima de tudo, esboçar um sorriso sempre que o fizerem.

são 18 anos! ergo o meu copo e brindo com todos aqueles que estiveram, estão e estarão comigo nesta aventura blogosférica! a todos, o meu muito obrigado!

terça-feira, novembro 28, 2023

oito dezoitos de novembro


é como costumas dizer: de vez em quando, precisamos sair da cidade que nos acolhe e partir à descoberta de outras vistas e de elementos para apreender, saciando a curiosidade e a vontade de conhecer cada vez mais lugares juntos.

há dias, pensámos efetivamente nisso, em colocar um pin nos locais do país onde já estivemos juntos. certamente que iríamos gastar muitos desses pins, porque já estivemos, na zona norte e centro, em muitos locais. falta-nos o sul, mas lá chegaremos.

numa rápida massagem à memória, coloco aqui os exemplos de cascais, ponte da barca, paredes de coura, caritel, arcos de valdevez, vila real, espinho, porto, leça da palmeira, guarda, penafiel, chaves, mirandela, torre de moncorvo, aveiro, esmoriz, tomar, quiaios, figueira da foz, tábua, figueiró dos vinhos, ílhavo, bombarral, foz do arelho, são martinho do porto, lisboa, salir do porto, coimbra, proença a nova, oleiros, castelo branco, cantanhede, santa maria da feira, fátima, santarém, lamego, mealhada, gouveia, praia de mira, peso da régua, sortelha, vagueira, são joão da pesqueira, sabugal, penedono, belmonte, pinhel, vila nova de gaia, marinha grande e tantos, tantos outros.

covilhã foi o destino que escolhemos para assinalarmos o nosso oitavo aniversário. foi mais uma cidade para descobrirmos juntos, da forma como gostamos de fazer: caminhando, pesquisando referências gastronómicas endógenas, seleccionando os melhores restaurantes e sítios a visitar, registando sempre tudo fotograficamente.

foi assim que fizemos no fim de semana de 17, 18 e 19 de novembro. a "escapadinha" estava planeada há algum tempo e a ansiedade há muito se tinha instalado. ficaram-nos referências inesquecíveis, como todas aquelas que fomos acumulando ao longo destes oito anos, como o café do montiel, a cherovia (pastinaca sativa), o museu da covilhã, o guitarrista de uma nota só, o casaco verde musgo, o café montanha e o empregado de mesa do alkimya, os restaurantes onde comemos no dia 18 (g-treze e o referido alkimya), as neblinas matinais, os panachés e o tipo de manga curta às nove da manhã de domingo, em novembro, em plena serra da estrela...

o dia 18 tinha de ser especial, por ser o nosso dia, aquele em que despertámos para uma segunda oportunidade de sermos felizes, a data que nos baralhou as prioridades e abanou as nossas mais sólidas fundações. afinal, sempre teríamos uma segunda vida; afinal, ainda éramos capazes de amar, para, depois, chegarmos rapidamente à conclusão de que nunca tínhamos amado assim...

estar contigo continua a ser a melhor forma de estar! seja onde for...

terça-feira, setembro 26, 2023

seis dias no paraíso



































 

de 20 a 25 de setembro.

20 setembro. 11h00. arranque de viseu. mira. almoço. salgáboca. 15h30. foz do arelho.

lagoa de óbidos. o momento inesquecível! o incontornável champanhe ao jantar.

21 setembro. chuva matinal. caminhada de casa à praia da foz do arelho, passadiços de nadia schilling e regresso a casa. 8 km. almoço e jantar em casa. sporting na tv. vitória (só poderia ser, contigo ao meu lado).

22 setembro. caminhada de casa até à lagoa de óbidos, com passagem pelo nosso spot especial. 8 km. partida para bombarral ao fim do almoço. visita ao jardim oriental bacalhôa buddha eden. deslumbre total. comprámos, no final, duas garrafas do vinho casal mendes sangria, outro deslumbre.

23 setembro. manhã consagrada (uma das palavras das férias!) à leitura, na praia da foz do arelho. visita ao novo talho. rolo de carne. almoço regado com monte velho tinto (definitivamente, o nosso vinho! não há volta a dar). tarde caseira. jantar fora, no restaurante távola lagoa (paixão imediata!). excelente atendimento, comida, localização e um cão para recordar o resto da vida, o misha! o cão, que conhecemos mal entramos na esplanada do restaurante, visitou, amiúde, as mesas que tinham clientes, utilizando sempre a mesma "táctica": chegava-se perto da mesa, olhava ambos os clientes e não fazia mais nada, esperava simplesmente por algo. fez isso na nossa mesa uma vez; da segunda vez, olhou fixamente a ana durante meio minuto. até que, enchendo-se de coragem, foi colocar a sua cabeça no seu colo. comovida, a ana ficou com lágrimas nos olhos, enquanto toda a gente olhava para aquela cena com grande ternura. o misha não fez isso com mais ninguém, nem antes, nem depois!). no fnal do lauto jantar, onde provámos camarão com molho de manga, demos uma longa caminhada pela marginal, onde ouvimos os tentadores sons do baile do inatel e ficámos "agarrados" a uma música muito antiga do paco bandeira, que era entoada no momento da nossa saída do restaurante. obviamente, obstinados como somos, não descansámos enquanto não fomos pesquisar a música, a letra, o ano de edição, tudo, até decorarmos o raio da letra. tratava-se de "a chula da livração", editada em 1978. andámos com a música na cabeça até ao final das férias. arrisco-me mesmo a dizer que ainda aqui anda...).

24 setembro. nova caminhada, desta vez nos passadiços entre salir do porto e são martinho do porto. 7 km. calor intenso. ida inesperada à água, por volta do meio-dia, em pleno outono. a ana, incrédula, repetiu a data umas 1763 vezes. não era para menos... tarde em casa, a recuperar.

25 setembro. dia da saída da casa da foz. arrumações das 9 às 10h00. despedida da lagoa de óbidos e partida rumo a óbidos, outro local encantador. descoberta de uma livraria absolutamente notável na capela de s. tiago. fotografias, visita ao castelo, à outra famosa livraria local e procura de um restaurante para almoçar. repetimos o lounge, onde reconhecemos o empregado de há 4 anos. almoço magnífico, visita a uma loja obidense para comprar chocolates de óbidos e conhecer as meias chulé, provar umas avelãs. beber uma famosa ginja de óbidos em óbidos e metermo-nos à estrada em direcção a casa. pelo caminho, passagem por montemor-o-velho, para visitar o castelo. estava encerrado, por ser segunda-feira, mas tirámos fotos na mesma e seguimos caminho para casa. chegámos a viseu às 18h30, já com um enorme nó na garganta a adivinhar a despedida.


balanço, perguntam vocês? apenas um: não poderia ter sido mais harmonioso! foi a lua de mel perfeita, em todos os aspectos! um hino à nossa relação! um compromisso firmado num dos nossos locais preferidos, a certeza definitiva de tudo aquilo que queremos e a convergência cristalizada do rumo a seguir enquanto casal apaixonado e ciente de que o futuro será sempre pleno de céus azuis! é o futuro que sempre quisemos, desde o primeiro dia, aquele dia em que nos conhecemos e em que tudo mudou! essa mudança está, agora, mais perto de se concretizar! vamos trabalhar, ambos, nesse sentido, porque não há mais nada que a gente queira tanto como isto: ficarmos juntos! sempre!


quarta-feira, setembro 20, 2023

She said yes!!!!

Lagoa de Óbidos. Foz do Arelho.

20 de setembro de 2023.

O primeiro dia do resto das nossas vidas! Uma certeza inabalável! Um pedido com tanto de inesperado como de hilariante! Inesquecível mesmo. És a mulher da minha vida e fizeste de mim o homem mais feliz do planeta quando respondeste "sim" à minha pergunta! E o local não poderia ser mais apropriado, a nossa lagoa de Óbidos! És o meu oxigénio, as pulsações do meu coração, a minha criatividade, força motriz, inspiração, motivação e estímulo! Contigo, sou a pessoa que sempre quis ser e sou incentivado diariamente a ser ainda melhor, porque quererei sempre atingir o teu patamar e nunca vou tomar-te como garantida. Quero conquistar-te todos os dias, merecer-te todos os dias, fazer-te feliz todos os dias! Só estarei a retribuir tudo aquilo que me dás e me fazes sentir! Amo-te! Tanto, tanto, tanto...

domingo, setembro 10, 2023

certezas intrínsecas




há certezas intrínsecas na nossa existência, garantias que apanhamos e guardamos cuidadosamente na nossa mala existencial. é certo que não as levaremos connosco quando ficarmos reduzidos a pó, essa inexorável pena a que estamos condenados a partir do momento em que nascemos, mas, até lá, é nosso dever saciar-nos e sugar delas todo o encantamento e deslumbre que nos provocam. o dia de hoje, apesar de ir a meio, é disso exemplo. o poder de decisão, à medida que a idade avança, é cada vez mais importante, assim como a percepção de que o tempo começa a escassear, sendo fundamental, quando temos essa prerrogativa, escolher tudo aquilo que nos faz bem, nos estimula e nos coloca um enorme e constante sorriso no rosto. 

o dia vai a meio, mas já está mais cheio do que muitos outros, porque também há metades de dias, e até terços de dias, que são mais satisfatórios que dias e semanas inteiras. hoje é um deles. caminhada saudável, revigorante, twilight (por momentos, embora deliciosos também) e empenhada pela manhã, em três horas de puro deleite, e slowdive a servir de banda sonora ao almoço. há certezas já devidamente cristalizadas e que jamais deixarão de fazer parte daquilo que somos, porque devemos aquilo que somos a essas mesmas certezas.

nem sei por onde começar a minha enumeração de momentos indeléveis passados ao teu lado nos últimos dois meses. há tantos à escolha: praia da barra, passadiços de vale de gaios (tábua), praia do furadouro, passadiços da barrinha de esmoriz, ler no parque aquilino ribeiro, ecopista do dão, feira do vinho do dão, jantares em tua casa, no home, no monte (no meu aniversário)... tudo é superlativo e tem entrada directa para a galeria das memórias permanentes que gostamos de revisitar amiúde. ainda hoje, em três horas juntos, afloramos algumas delas, porque, por serem tão boas, gostamos de as recordar, reavivar e revisitar, atribuindo-lhes a enorme importância que realmente têm, porque foi com elas que consolidamos isto que somos, juntos.

soube muito bem recordar o nosso primeiro beijo, o que dissemos antes, o que se passou depois, tudo aquilo que o envolveu, nos últimos dias daquele novembro de 2015 que nunca iremos esquecer, relembrar a forma como aparecemos na vida um do outro, aquele comentário no blogue, a resposta que se seguiu, algo que replicaríamos quatro anos mais tarde em forma de música. tu, com a "the look of love", da diana krall, e eu com a "somewhere not here", dos alpha.

sempre fomos fiéis a nós mesmos, ao que somos, nunca fingimos ou embelezámos algo para agradar, para ser mais fácil ou para metermos por um atalho por onde fosse mais simples chegar onde queríamos. não, nada disso. fomos nós mesmos, com todas as nossas virtudes, mas também com os nossos defeitos. nunca nos apressámos, nunca tivemos essa urgência de partir para algo que ainda desconhecíamos, sem estudar, como ainda fazemos hoje, o percurso, a distância, as estradas, os melhores acessos. fomos pacientes, deixámos andar, porque sabíamos que, inconscientemente, talvez, estávamos a construir algo. e para construir algo são necessárias bases sólidas, traves mestras e profundo conhecimento. mas fomos cimentando, lentamente, os acessos, os muros e a envolvente, antes de começarmos a erigir a casa. de certa forma, sabíamos ambos que chegaria a altura de começarmos a construir a casa, mas só o faríamos quando houvesse realmente condições para levar a obra até ao final. e ainda hoje passámos por uma que ficou a meio...

e, hoje, aqui estamos... depois de muitas tempestades, ventos fortes, trovoadas e forte precipitação, ainda estamos vivos. mas em vez de parecermos cada vez mais débeis e enfraquecidos, evidenciamos um salutar vigor físico e mental, de quem está disposto a continuar o caminho iniciado em 2015, não alterando a rota um milímetro que seja. continuamos vivos, fortes, determinados e ainda mais empenhados em levar este barco a bom porto. sabemos que, quando lá chegarmos, vamos ter tudo aquilo com que sempre sonhamos: viver juntos, a nossa guest house, tempo... tudo o resto, nós já temos, até de sobra. tudo aquilo que nos une é a tal matéria que muitos passam vidas inteiras sem conhecer ou sem ter um mínimo vislumbre. nós temo-la e nunca a iremos perder.

se nunca to disse, pelo menos directamente, neste espaço, digo-to hoje: amo-te até ao infinito, Ana Bela Cabral! não concebo nenhum futuro sem ti. sei onde está a minha felicidade, essa é uma das tais certezas intrínsecas de que falava no início desta publicação, e que, por mais incrível que pareça, ao fim de quase oito anos, parece cada vez mais forte e mais consolidada há medida que o tempo passa!

sou teu para sempre!

quinta-feira, agosto 10, 2023

"nada mais faz sentido"

 


a foto é da praia da barra, mas poderia ser de outro local qualquer. o que lhe está subjacente é o meu estado de espírito quando a tirei, quem estava ao meu lado e quem despoletou verdadeiramente os meus sentidos e as minhas capacidades para ser melhor. como ser humano, como profissional, como fotógrafo, como namorado. somos sempre mais estimulantes quando somos estimulados, obviamente, ou quando estamos perante pessoas com igual adjetivo.

eu quis crescer contigo, não me acomodei, antes pelo contrário. sinto que me despertaste verdadeiramente para diversos capítulos que estavam adormecidos na minha vida. a fotografia é um deles, mas haverá muitos mais. queria e quero merecer-te! queria e quero acompanhar-te em milhares de conversas por este país fora, juntando tudo aquilo que nós temos tanto prazer em desfrutar: viajar, conhecer, descobrir, estudar e deixarmo-nos encantar por tudo aquilo que vamos observando.

isto não quer dizer que não repitamos locais, sobretudo aqueles que nos dizem muito. é o caso da praia da barra, onde vivemos vários milestones desta nossa ligação. não sei a que se deverá, mas o que é certo é que sempre fomos imensamente felizes na barra! creio que nunca lá tivemos um momento mau ou menos bom! mesmo quando uma vez apanhámos uma valente molha quando decidimos ir jantar fora, tu usavas a minha camisola de gola alta, continuámos bem dispostos e sempre em perfeita harmonia.

há toda uma série de factores que deverão ser considerados, claro, para que tal aconteça sistematicamente. o calor, a praia, as caipirinhas, o makai, os passadiços, os restaurantes, as fotos, o pôr do sol, as idas à água (sim, no plural! quem diria?!...), aquela sensação de férias. já fomos muito felizes na foz do arelho, por exemplo, mas aí lembro-me de pelo menos um episódio menos bom, quando tiveste uma crise provocada pela crohn num restaurante. na barra, não me lembro de nenhuma.

em julho, fomos muito felizes na barra, naqueles três dias que nos caíram do céu e dos quais usufruímos sem plano prévio. em agosto, aconteceu o mesmo, naquelas horas que antecederam a ida para cantanhede. é sempre intenso, vivido e sugado ao máximo, cada minutinho, cada momento. é um local ao qual nos habituámos ao longo dos anos e que nos encaixa como uma luva, porque é calmo, pacífico, sereno, petit, cozy e tem tudo o que precisamos, incluindo uma padaria/pastelaria que tem pão quente a sair do forno quase às nove da noite... 

tirámos na barra fotos incríveis. como a que te enviei há dias, naquela sessão fotográfica de julho de 2020, à qual pertence a foto em cima, que se seguiu a um lanche/jantar no makai em que bebemos ambos duas caipirinhas. voltando ao primeiro parágrafo, é mesmo verdade que, graças a ti, potenciei os meus dotes como fotógrafo, a maneira como vejo as coisas antes de tirar a foto, como a preparo. mas tudo isso advém da prática que comecei a ter contigo, a fotografar-te, a enquadrar-te, e o gozo imenso que isso me dá. sei o que vejo quando te estou a fotografar e a minha intenção é passar todo o prazer que sinto nesse momento e toda a paixão que tenho pela pessoa que vejo naquele rectângulo minúsculo da melhor forma possível. portanto, se algum dia chegar a algum lado como fotógrafo, devo isso à forma como despertaste essa paixão em mim e à maneira como me fazes sentir quando te fotografo.

mas sim, a barra é um local especial para nós! tão especial que até foi lá que proferiste as quatro palavrinhas que dão nome a esta publicação. numa das nossas centenas e centenas de conversas, chegaste a esta conclusão. nada mais faz sentido. e não faz mesmo. só fazem sentido duas coisas: eu ficar contigo e tu ficares comigo. eheh. é assim que somos verdadeiramente felizes!

e se um dia concretizarmos a nossa ambição, confessada por ambos naquele nosso banquinho dos passadiços, que seja na barra e que seja no roots. ou no makai. ou até no salsus. o que realmente interessa é ficarmos juntos. porque, realmente, nada mais faz sentido...

domingo, julho 23, 2023

the power of love (indeed)


 

é sempre difícil escolher a banda sonora da tua saída do paraíso após 48 horas inolvidáveis. troquei o cd dos band of horses, "cease to begin", que tinha ouvido duas vezes na viagem para lá, por um cd genérico, gravado há mais de dez anos, com uma espécie de músicas preferidas from a long time ago, quando o meu coração ainda era a preto e branco. entendi que escolhi bem quando começo a ouvir músicas como "windswept", de byan ferry, "cowboys and angels", de george michael (que musicão!), "dont dream its over", dos crowded house, "love bites", dos def leppard, "where did your heart go", dos wham, "missing you", o clássico de john waite, "hard woman", de mick jagger, ou "i´ve been in love before", dos cutting crew. sim, fazia tudo sentido, num desfile de músicas indicadas para corações partidos, dilacerados por uma separação forçada, temas sobre dor e sofrimento. mas, lá está, hoje o meu mindset não era esse, já dei para esse peditório, agora estou dois passos à frente desse estado de espírito. ouvi, com prazer, sim, mas aquelas músicas não eram as mais apropriadas para o registo que trazia do referido paraíso. mas sim, lá pelo meio da tal colectânea, surgiu uma música que conseguiu colocar tudo em perspectiva. e foi precisamente a ouvi-la que decidi que iria fazer este post. sempre dei muita importância às letras das músicas e esta fez todo o sentido, na conjuntura que vivo actualmente: "i'll protect you from the hooded claw, keep the vampires from your door, when the chips are down I'll be around with my undying, death-defying love for you". sim, faz todo o sentido, confere e encaixa como uma luva. "with my undying, death-defying love for you". é uma certeza profundamente cristalizada, ontem, hoje e em todos os amanhãs que eu consiga acompanhar com o meu fôlego.


e o que dizer destas cerca de 48 horas contigo?!...

o termo que me surge mais rapidamente é "inesquecível". tudo! ir contigo à água, ver-te ao meu lado no mar, tu que nunca vais à água, a tua alegria, espontaneidade e leveza. rias, rias-te muito, estavas feliz, senti e vi isso em ti, no teu rosto, na ligeireza dos teus movimentos, na maneira como não tinhas medo das ondas, da temperatura da água, fosse do que fosse. senti-te feliz, segura e confiante por estares ali, na água, comigo! e essa foi uma das maiores provas de amor que me poderias ter dado! claro que, a partir daí, desse momento, tudo teria de correr bem. éramos nós, sozinhos, com tempo, sem agendas, e era óbvio que só poderia ser maravilhoso. e foi-o, sem dúvida alguma. não houve um único momento juntos em que não o tivesse sido. acabámos por fazer tudo o que teríamos feito se tivéssemos ido de férias juntos durante quatro ou cinco dias. foi perfeito, ainda mais pelo facto de nada ter sido planeado. fomos andando à medida que o tempo avançava. e nós bem sentimos as horas a passar a voar, qual alfa pendular, quando estávamos juntos, e, pelo contrário, quando não estávamos, elas pareciam que se locomoviam através do auxílio de andarilhos...

sei que vou recordar para sempre tudo isto que vivemos, assim como os "sinais" que nos foram deixando pelo caminho nestes dias. e quando voltarmos ao roots, este ano, para o ano, daqui a dois anos, que seja efectivamente para o propósito que ambos vaticinámos quando te coloquei em cima daquele banco, no nosso spot. é o nosso destino. os sinais estavam todos lá. e é lá que nos sentimos bem e consolidamos este "nós" que parece agora mais sólido do que alguma vez foi!

é isto o poder do amor?! claro que sim. e o nosso amor move montanhas, se for preciso!

domingo, julho 16, 2023

ainda aqui estou...


barney panofsky: ...and I'm just gonna keep talking here, 'cause I'm afraid that if I stop there's gonna be a pause or a break and you're gonna say 'It's getting late' or 'I should get going', and I'm not ready for that to happen. I don't want that to happen. Ever.

[they pause]

miriam: There it was. The pause.
barney panofsky: Yeah.
miriam: I'm still here

(do filme "barney's version")

não estarei certamente a exagerar se disser que me senti assim em 95% das vezes que estive contigo, independentemente do número de horas. era sempre doloroso verificar que era altura de nos separarmos, de irmos ambos para o trabalho, para casa ou para um qualquer tipo de compromisso. disse-te isto ontem: por muitas horas que passemos juntos a conversar, no final fica sempre a sensação que foi apenas meia hora. sabe sempre a pouco. fica-se sempre a desejar mais e com aquela certeza inabalável de que teríamos conversa para várias semanas seguidas, porque esta nunca enche e é sempre estimulante.
tenho esta teoria há anos: uma pessoa até pode ser interessante, inteligente, com boa cultura geral, bem falante, erudita e eloquente, mas se não tiver uma pessoa estimulante à frente, que a faça sobressair e evidenciar estes dotes, rapidamente se torna num ser amorfo, sem interesse e completamente banal. e eu tenho plena convicção de que sou assim visto pela maioria das pessoas que me conhece e que costuma falar comigo. quando a conversa não me interessa, admito, desligo. não sou estimulado a participar na mesma e não sou de sorrisos amarelos de concordância ou de fingir interesse em algo que não o tem.
por isso é tão gratificante ter-te como interlocutora. é diferente, porque sou estimulado e até consigo demonstrar alguma eloquência e até clarividência. eu próprio me considero mais interessante como pessoa quando estou ao teu lado. porquê? porque nos entendemos de olhos fechados, até sem falar, embora nós nunca o consigamos fazer. há dias, num concerto que vimos juntos, eu estava ansioso pelo final das músicas para poder falar novamente contigo. por sorte, o líder da banda fartou-se de "encher chouriços" entre músicas e pudemos falar mais tempo.
este diálogo retirado do fime "barney's version" reflecte isso mesmo. fica bem evidenciado o receio do paul giamatti em ver partir a rosamund pike, porque quer continuar a prolongar aquele prazer de estar com ela e a conversar com ela. e até no aspecto visual a coisa é credível. rosamund é lindíssima, cheia de classe e elegância, e o giamatti é quase o oposto. portanto, transportando o filme para a nossa realidade, confere.
numa semana, quase que conseguimos recuperar os tais 106 dias perdidos. temos falado muito, temos feito autênticas introspecções frente a frente e também temos tido a coragem de falar sempre de forma franca, honesta e transparente, como sempre fomos. é por isso que é tão estimulante estar contigo. podemos falar de tudo, mas tudo mesmo, que eu sei, e tu sabes, que é sempre tudo genuíno e brutalmente honesto, não estamos a mascarar nada ou a fingir que somos outra pessoa. tu sabes quem eu sou e eu sei quem tu és!
apesar de tudo o que (não) vivemos nos tais 106 dias, satisfaz-me imenso e deixa-me totalmente confortado o facto de, nesta semana, em apenas três encontros, ter verificado que continuamos rigorosamente iguais e que a nossa química continua intocável. que continuamos a não querer que os ponteiros do relógio avancem. que continuamos a olhar da mesma forma um para o outro. que continuamos a sentar-nos lado a lado, embora no nosso reencontro tenhamos ficado frente a frente. mas, lá está, rapidamente nos colocámos mais perto um do outro, porque essa é uma das características mais fortes da tal química, a necessidade do toque. no nosso último encontro, tenho a noção de que passei a noite inteira, naquele bar, a empurrar a minha cadeira para a frente e para o lado direito, mesmo quando já não havia mais centímetros para ela percorrer, nem para um lado, nem para o outro. é algo inato, animal mesmo. mas, como já reparámos, há velhos hábitos que não perdemos, pequenos gestos e atitudes que continuamos a manter, porque também só nós os percebemos e lhes sabemos dar o devido valor.
depois deste "testamento" (sim, tu és infinitamente mais sintética do que eu, vais directa ao assunto e não te repetes tanto como eu), espero mesmo que ainda estejas desse lado e não tenhas aproveitado um dos meus parágrafos para ir dar de comer aos gatos ou ir à horta do teu pai apanhar morangos. o talisca e o maniche esperam, tenho a certeza. são meus amigos. eles entenderão.
que nunca deixemos, pois, de ter longas e estimulantes conversas!
brindemos a isso (olhos nos olhos. sempre!)!

sexta-feira, julho 14, 2023

strawberry fields forever


há muitas formas de dizer a uma pessoa que se gosta muito dela. está é, foi, mais uma delas. deve ter sido por isso que me souberam tão bem. as declarações de amor, com a passagem do tempo, encontram-se nos mais microscópicos detalhes, em fragmentos isolados apenas entendíveis pelas duas pessoas envolvidas na relação. 
é o tempo que se gasta, a atenção que dispensamos, a consideração que alguém nos merece, mesmo que o tempo nunca estique e a agenda esteja o mais sobrecarregada possível.
sim, podem perguntar, se quiserem: "mas tudo isto a propósito de um saco de plástico com meia dúzia de palavras?". lá está, são os tais microscópicos detalhes. o que interessa é o gesto, a atenção, a minúcia, a consideração. os olhos dizem, disseram, o resto. nem é preciso dizer nada. está tudo nos olhos. 
com a passagem do tempo, já sabemos muito bem comunicar sem falar e a linguagem corporal, os gestos, os toques, os olhares tímidos e os breves roçares de pernas e braços são equivalentes a uma dúzia de lusíadas. 
souberam mesmo bem estes morangos, mas soube ainda melhor o sentimento que lhes veio acoplado.

domingo, julho 02, 2023

a importância do toque


era tão grande e sistemática a necessidade de te tocar que era muito raro andarmos lado a lado na rua sem ser de mãos dadas. nos cafés, nos restaurantes ou no cinema era igual. ficávamos lado a lado para ser mais fácil o toque, mais imediato, mais perto. até a conduzir isso acontecia, a minha mão direita procurava-te constantemente, tal era a necessidade de te sentir e tocar. e estavas ali ao meu lado... mas se não te tocasse era como se estivesses a 200 quilómetros de distância... 

foi assim sempre, desde o primeiro beijo, altura em que todas as barreiras desabaram e ficámos finalmente à vontade para o fazermos. mesmo assim, e como é nosso apanágio, ainda aguentámos quase duas semanas... afinal, esperámos mais de quatro anos para nos conhecermos frente a frente, o que já por si indiciaria que nada iria ser imediato ou feito em cima do joelho. fomos sensatos, maduros, cautelosos e racionais nas duas situações. 

no dia do primeiro beijo, estivemos juntos, bem juntos, quase duas horas antes desse momento inesquecível, naquele local que mais tarde homenagearíamos nas nossas caminhadas. a vontade estava lá, já lá estava desde o dia 18, mas soubemos conter os nossos impulsos. o que se passou na hora seguinte a esse referido momento reflecte bem o que sempre fomos como casal. estivemos sempre juntinhos, agarrados um ao outro, como se, de repente, tudo fizesse sentido. até creio que já fazia sentido desde 2011, quando os nossos blogues nos colocaram virtualmente à frente um do outro.

andar de mão dada contigo era uma das bandeiras desta união. admirava aqueles casais de idade mais avançada que o faziam e sempre foi a minha intenção pertencer a um casal assim, sem receio de evidenciar ao mundo a felicidade que vive. e como me sentia bem, orgulhoso, inchado e privilegiado por andar contigo de mão dada. fosse onde fosse. estivesse ou não estivesse alguém. era um dos prazeres supremos, um de muitos. tinha de te tocar. tinha de te sentir. era uma necessidade mais forte do que eu e nunca me consegui deter.

é assim que nos vejo, como na foto, de mão dada, a passear pelos milhares de quilómetros de passadiços espalhados por este país fora, a olhar para a frente sem receio do que possa vir a acontecer, porque o pior cenário, o mais negro de todos, nós já sabemos qual é: retirar da foto um de nós.




quarta-feira, junho 28, 2023

ainda bate, afinal...


e, de repente, o coração ganhou cor e recomeçou a bater...
sinto que cheguei novamente a casa. e o sorriso voltou a instalar-se.

sexta-feira, junho 23, 2023

scott matthews a fazer de cyrano de bergerac


Home is where your heart is forever yearning
Hope bears the scars you're forever learning
It's been years since you went away
Not so far away
You disappeared like my voice
Amongst the crashing waves

I call out and call out
The gaslight is fading
Where are you now?
The light is out
Give me something I can dream about

Cause come the middle of the night
When the restless go away
There's never a goodbye
Only heartache when you wake
And I don't know
How much more to take
I've never missed you more
Please come home
Come home, Virginia

Please write and tell us how you are
Are you happy?
Steal your eyes, for a second
Be a part of a dying memory
Be a sight for a mother's failing heart
Make a wish come true
Be a sight for sore eyes

Still I call out and call out
The gaslight is fading
Where are you now?
The light's out
Give me something I can dream about

Cause come the middle of the night
When the restless go away
There's never a goodbye
Only heartache when you wake
And I don't know
How much more to take
I've never missed you more
So glad you're home
Home, Virginia

with a little help from my friends


jantar com os rapazes, voltinha higiénica e digestivo no brooklyn. as boas rotinas são para manter, assim como as amizades! a foto, tirada sem o meu conhecimento prévio, é do barros e teve assistência técnica do fonseca. pena o dom duarte ter ficado despenteado...

terça-feira, junho 20, 2023

o primeiro, o segundo, o décimo e o último...


 

"se estás a ler esta carta é porque já fui desta para melhor. adiantei-me a ti, será a primeira vez que isso acontece. não tenho nada a escrever que não saibas já. 

no dia em que esperei por ti no meu carro, sabia que não regressarias, que era pouco provável que voltasses. foi esse pouco que me impediu de arrancar imediatamente. "ela não vai voltar, não me resta nada". 

tive tantas saudades tuas. e aquilo ainda estava a começar. os nossos hotéis, o amor à tarde, tu debaixo dos lençóis... serás para sempre todos os meus amores. o primeiro, o segundo, o décimo e o último.

serás para sempre as minhas recordações mais belas. as minhas grandes esperanças. nunca esquecerei aquelas cidades de província que se tornaram capitais mal tu pisavas os seus passeios. as tuas mãos nos bolsos, o teu perfume, a tua pele, os teus lenços, a minha terra natal. 

meu amor.

viste? não te menti, deixei-te um lugar ao meu lado para a eternidade. pergunto a mim mesmo se lá no alto continuarás a tratar-me por você. 

não te apresses, eu tenho todo o tempo. aproveita um pouco mais o céu visto de baixo. aproveita sobretudo as últimas neves. até já.

de gabriel prudent para irène fayolle

"changer l'eau des fleurs" - valérie perrin

sábado, junho 17, 2023

a noite é para os solitários...


 ... ou como tirar uma foto a mim próprio 10 anos antes.